Neste artigo vou te dar alguns motivos para você começar ter um olhar diferente sobre o patrocínio aliado a um projeto cultural.
Marcas: a briga eterna pela atenção dos consumidores!
Vivemos num mundo em que a nossa atenção é direcionada para as marcas o tempo todo. Ao sair na rua, o mobiliário urbano, com um anúncio de patrocínio, entra no seu campo de visão.
Ao olhar para o lado, a vitrine com uma super TV pisca para você. Ao fazer sinal para um táxi, no carro há uma propaganda no vidro.
E o que a sua mente está preparada para fazer?
Você ignora esses apelos – ou tenta.
A sua mente sabe que são anúncios, que querem te vender algo.
Você já parou para pensar quantas marcas bombardeiam a sua mente em uma simples caminhada?
Vivemos em uma sociedade em que somos o tempo todo impulsionados a consumir.
E é claro que a gente consome.
Essa mensagem é passada por tantas horas, tantos momentos no nosso dia-a-dia que uma hora você vai se distrair e desejar alguma coisa.
Você vai achar que aquela compra foi racional, você vai inventar um motivo para comprar algo, e acreditar verdadeiramente nele.
Não estou fazendo apologia a uma sociedade não consumista e nem dizendo que isso é bom ou ruim. Estou só descrevendo um padrão que temos hoje.
Diante de tantas marcas, tantos apelos, como chamar a atenção do consumidor?
Esse é o tipo de pergunta que todo o profissional de comunicação deve se fazer todo o dia. E essa pergunta fica cada dia mais difícil de responder.
Os consumidores já entenderam que as marcas querem chamar a atenção para vender algo e eles não estão mais ligados nesse tipo de abordagem do marketing tradicional, que é atrair e vender.
A Edelman Significa, agência global de comunicação integrada, divulgou uma pesquisa ( Earned Brand 2016) com os seguintes dados:
- 66% das pessoas disseram que não comprarão se a marca não tiver compromisso social.
- 75% disseram que fazer o bem deveria ser parte do DNA da marca.
- 68% acham que as marcas podem fazer mais do que o governo para solucionar problemas sociais.
Os dados acima significam que a expectativa dos consumidores em relação às marcas é cada vez maior. Eles esperam mais das marcas do que apenas os produtos e serviços oferecidos.
Ainda nesta mesma pesquisa, 53% usam (ou usariam) bloqueadores de publicidade.
Se relacionar com o consumidor nunca foi tão importante.
Depois de atrair e antes de vender, a empresa precisa aprender a se relacionar com os consumidores do século XXI. E como se relacionar com o consumidor e se diferenciar da concorrência?
A resposta é muito simples! Ofereça algo que se conecte com ele.
Quando você está num elevador e quer puxar papo com uma pessoa que você não conhece, você fala do tempo, né? O tempo é algo que faz parte do nosso cotidiano e afeta todo mundo.
Quer saber de outra coisa que afeta todo mundo? A cultura.
Estamos o tempo todo consumido cultura. Ou gostaríamos. Ou, se nos fosse oferecido, dificilmente a gente recusaria.
A cultura é algo que temos de mais humano. É o que nos conecta com as pessoas, é o que nos difere enquanto povos.
Se você diz que é brasileiro no exterior, os estereótipos passam pelo samba, caipirinha e futebol…
Ao sair de casa e entrar no carro, você liga o rádio para escutar o quê? Música!
Os seus amigos gostam das mesmas coisas que você? Os gostos musicais podem não ser os mesmos, mas e os filmes? Se você pensar bem, algo em comum vocês têm.
Os consumidores esperam que as empresas comuniquem algum tipo de mensagem e que sua marca signifique algo.
E é nesse contexto que entra o patrocínio cultural como uma ferramenta de comunicação poderosa para gerar paixão e engajamento dos consumidores com as marcas.
Vou dar agora 4 razões para você começar a ter um olhar diferente sobre o universo do patrocínio cultural aliado ao conteúdo, com o objetivo fortalecer o relacionamento entre você (empreendedor cultural), seu patrocinador e o consumidor.
1- O PATROCÍNIO É GANHA-GANHA
O patrocínio é uma ferramenta de comunicação que trabalha se conectando com as emoções das pessoas. Ela é a única ferramenta que trabalha no ganha-ganha.
Quando a empresa patrocina um espetáculo, a marca ganha visibilidade. O empreendedor cultural ganha um projeto que saiu do papel. E o consumidor ganha uma experiência.
Entretanto, reduzir o potencial do patrocínio à visibilidade da marca é um desperdício.
Patrocinar um projeto é muito mais que negociar a colocação da logomarca em um cartaz e anunciar no rádio que a empresa X trouxe a Cia Y.
2- O PATROCÍNIO OFERECE UM CONTEÚDO QUE CONECTA
Muito mais do que se conectar com as pessoas através da experiência, o empreendedor cultural tem um ativo quase que infinito para trabalhar: o conteúdo!
É muito mais prazeroso falar de cultura do que falar sobre um banco. Aquele lugar onde você tira dinheiro, paga contas, e que, na minha mente, eu associo quase que imediatamente a fila.
Falar de uma cia de dança é muito mais legal do que falar sobre um perfume, se você pensa em uma empresa de cosméticos que está querendo divulgar a sua marca.
As marcas usam o patrocínio para chamar a atenção dos consumidores de modo diferenciado.
O empreendedor cultural pode oferecer algo a mais para as empresas, que são parceiras no seu projeto, pode oferecer conteúdo para que as empresas trabalhem com seus públicos.
Para as empresas, públicos de interesse são todas as pessoas que são impactadas pela empresa, desde o revendedor da matéria prima, passando pelo funcionário da empresa, o vendedor que apresentará o produto na loja e o consumidor final.
Se o seu projeto é uma peça de teatro, porque não produzir um conteúdo que fale do elenco?
Quem são aquelas pessoas que sobem no palco? Qual a história de vida delas? Por que elas escolheram se dedicar a arte? O que motivou aquelas pessoas se unirem para fazerem aquele espetáculo?
Eu iria adorar saber mais informações sobre estes assuntos antes de assistir a peça…
Isso aproxima as pessoas, gera relacionamento, empatia, interesse e comunicação.
3- PESSOAS GOSTAM DE FALAR COM PESSOAS MESMO QUANDO O ASSUNTO É PATROCÍNIO
Para aproximar as pessoas, gerar relacionamento e comunicação, o uso da linguagem impessoal é um diferencial na hora de produzir conteúdo.
Não adianta nada falar sobre os bastidores do projeto se você escreve como se estivesse produzindo conteúdo para o programa de rádio “A voz do Brasil”.
Na hora de escrever, imagine que você está conversando sobre o projeto cultural com um amigo. Ou indicando para o seu vizinho que sempre te empresta um pouco de açúcar…
Falar sobre os bastidores, sobre as pessoas que trabalham no espetáculo é uma forma interessante de falar do projeto cultural. Conte a história que há por trás da história do projeto.
Fale com paixão e entusiasmo sobre o projeto cultural. É muito mais agradável conversar com alguém que é apaixonado pelo que faz. Seus olhos brilham…
Falar sobre os bastidores é uma forma interessante de falar do projeto cultural. Conte a história que há por trás da história do projeto.
Use as mídias sociais para divulgar curiosidades e as rotinas do projeto cultural.
4- É POSSÍVEL ENGAJAR PARA TER ENGAJAMENTO NO PATROCÍNIO
Com a internet estamos mais perto – a um clique, para ser mais específico – dos nossos consumidores. É possível agregar os públicos de acordo com os interesses. Hoje, com as mídias sociais, é muito fácil fazer isto.
A capacidade de segmentar e medir é um fator muito bem-vindo no mundo do patrocínio. E se você conhece o seu público e interage com ele, você pode usar este recurso para alavancar mais o seu projeto.
Por exemplo, é possível falar com o público feminino, de 25 a 42 anos, que tem filhos, que moram na cidade X e gostam de cultura. Se o seu projeto cultural é uma exposição, que tal oferecer uma tarde para as mamães de licença-maternidade se encontrarem e visitarem no museu com seus bebês?
Você consegue falar com um público específico e ainda consegue direcionar aquele público para ir para o espaço num horário de pouco movimento. E quem sai ganhando?
O empreendedor cultural que trouxe um público específico para um horário de pouco movimento. O patrocinador que teve a oportunidade de se relacionar com aquele segmento de público. E o consumidor, através de uma experiência de se relacionar com pessoas que tem os mesmos interesses que ele.
O século XXI é a era da informação. A gente só se conecta com aquilo que a gente conhece e se identifica. Pense nisto!
PS.:
Ops!!! Se a gente só se conecta com aquilo que a gente conhece, vou falar um pouco de mim agora.
Eu sou a Raquel Micas e trabalho com patrocínio há 13 anos.
Sou fundadora da Le Cuona Cultural – Consultoria de Patrocínio, que tem como objetivo ajudar empresas e instituições a potencializar o resultado de ações de patrocínio cultural, fortalecendo sua imagem de marca e iniciativas de fomento a produção artística.
No meu primeiro post neste blog, conto um pouco a minha história e como eu cheguei aqui.
Se você gostou do que escrevi aí em cima e quiser conversar comigo aqui em baixo nos comentários, deixa uma mensagem! Vou adorar trocar uma ideia com você. ;o)